segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Lúpus durante a gravidez: dicas para proteger você e seu bebê - Fleury

Lúpus durante a gravidez: 
dicas para proteger você e seu bebê

Por: Núcleo Educacional Científico

O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) é uma doença inflamatória crônica, de causa desconhecida e de natureza autoimune, caracterizada pelo acometimento de múltiplos órgãos pela ação de autoanticorpos. O problema acontece por um desequilíbrio do sistema imunológico, que age inadequadamente contra os tecidos do próprio organismo do indivíduo como pele, articulações, coração, pulmão, rins e cérebro.

Com maior incidência entre as mulheres jovens e em fase reprodutiva, a doença sempre desperta dúvidas: se sou portadora de lúpus, posso planejar uma gravidez? E se a doença entrar em atividade quando eu estiver grávida, há riscos para o feto?

Segundo Renata Rosa, médica reumatologista do Fleury, pacientes lúpicas podem sim ficar grávidas, mas são aconselhadas a fazê-lo apenas quando a doença estiver fora de atividade e sob controle adequado por pelo menos seis meses. “A gestação deve ser contraindicada quando houver atividade do LES, evoluindo, por exemplo, com insuficiência renal, hipertensão arterial grave, insuficiência cardíaca ou pulmonar ou comprometimento neurológico”, explica a médica.

Ela ressalta que, caso uma paciente lúpica opte por engravidar, deve ser esclarecida de que existe um risco maior de a doença entrar em atividade durante a gestação e nos três meses pós-parto. Entre os achados mais frequentes, em 50% a 60% dos casos, destacam-se os sintomas renais ou hematológicos, que aparecem usualmente durante o segundo ou terceiro trimestres e, ocasionalmente, no puerpério.


  1. Além disso, observa-se o risco aumentado de abortamento espontâneo, pré-eclâmpsia, retardo de crescimento intrauterino, prematuridade e até mesmo morte fetal intrauterina. “Desse modo, é recomendado um acompanhamento multidisciplinar, incluindo reumatologistas, obstetras especializados em gestação de alto risco e, em algumas circunstâncias, neonatologistas e nefrologistas”, diz Renata.


Caso o lúpus seja ativado durante a gestação, a melhor conduta para o tratamento da mulher é escolher uma medicação cujo risco para o feto seja menor do que o da própria atividade da doença. Alguns medicamentos podem ser utilizados na gestação, como os corticosteroides e a hidroxicloroquina, com a devida orientação e acompanhamento médico adequado. Outros, por sua vez, não devem ser usados nessa situação, como a ciclofosfamida, o micofenolato mofetil, o metotrexato e a leflunomide.

Em relação ao tratamento com a infusão de medicamentos (imunobiológicos), o uso do Rituximabe não tem sido contraindicado durante a gestação, sendo, porém, necessária a análise de custo-benefício. “Alguns relatos acumulados nos últimos dez anos demonstraram que este medicamento não é teratogênico quando utilizado no tratamento de gestantes com linfoma não-Hodgking. No entanto, futuros estudos são indispensáveis para avaliarmos o efeito em gestantes lúpicas”, explica a reumatologista.

Além dos cuidados com a futura mamãe, as atenções também devem se voltar para o feto, já que pode ocorrer a passagem de anticorpos maternos pela placenta, acarretando o quadro de lúpus neonatal (LN). Essa entidade pode se manifestar como lesões de pele, bloqueio cardíaco congênito (BCC) – distúrbio na condução elétrica do coração – e, menos frequentemente, por outras manifestações como alterações hematológicas (plaquetopenia, ou seja, número reduzido de plaquetas pela ação do anticorpo) e elevação das enzimas hepáticas, por agressão hepática. Como prevenção, é recomendada se fazer a dosagem desses anticorpos em todas as pacientes lúpicas que planejam engravidar e durante a gestação.
Especificamente, a presença do autoanticorpo anti-Ro/SSA na gestante lúpica deve orientar uma criteriosa avaliação cardíaca fetal. “Um ecocardiograma fetal deve ser realizado a partir da 16ª semana de gestação, por um radiologista com experiência em gestação de alto risco, com a finalidade de detectar precocemente o BCC. Caso a condição clínica do feto comece a apresentar sinais de deterioração, como, por exemplo, o aparecimento de insuficiência cardíaca, deve ser iniciado o tratamento com corticoides, capazes de atravessar a barreira placentária”, diz Renata.

Após o nascimento do bebê, caso tenha sido identificado lúpus neonatal, o tratamento usualmente inclui a pulsoterapia com medicamentos, tais como corticosteroides e gamaglobulina intravenosa. “Marcapasso permanente é necessário em cerca de metade dos casos de BCC, sendo aconselhável a presença de neonatologista experiente na sala de cirurgia para atendimento destes recém-nascidos”, finaliza a médica.

Como diagnosticar o lúpus
Deve-se suspeitar do diagnóstico de LES em pacientes com manifestações características, como lesões típicas na pele ou que apresentem o comprometimento de órgãos como as articulações, rins e alterações hematológicas, entre outras. Pode ou não ocorrer queixas gerais, muitas vezes, sem causa aparente. Mundialmente, utilizam-se os critérios de classificação do American College of Rheumatology, que se fundamenta na presença de, pelo menos quatro de 11 critérios, que incluem manifestações clínicas e exames laboratoriais. Entre as manifestações destacam-se lesões de pele (asa de borboleta, lesão discóide na face), lesões de mucosa oral ou nasal, fotossensibilidade, acometimento articular (artrite), comprometimento neurológico (psicose ou convulsão), envolvimento renal e comprometimento hematológico (anemia hemolítica, leucopenia e plaquetopenia).

Exames para detectar o problema
A avaliação laboratorial pode auxiliar sobremaneira o diagnóstico. Por meio dela pode se constatar alterações hematológicas e no exame de urina. De particular importância para o diagnóstico é a presença de autoanticorpos ou fatores antinucleares (FAN). A positividade desse teste, embora não específico, serve como triagem em razão de sua alta sensibilidade, sendo improvável a presença da doença se o teste resultar negativo. A presença de outros anticorpos específicos, tais como anti-DNA nativo, anti-Sm e antinucleossomo também podem ser úteis para confirmar a suspeita.

- Fonte: Renata Ferreira Rosa, médica reumatologista do Fleury, com especialização em Reumatologia pela Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) e residência médica na mesma área pelo Hospital do Servidor Público Estadual Francisco Morato de Oliveira (HSPE-FMO-IAMSPE)

Este material foi elaborado pelo Fleury, tendo caráter meramente informativo. Não deve ser utilizado para realizar autodiagnóstico ou automedicação. Em caso de dúvidas, consulte seu médico.​


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